Saiba quem são as mulheres do Nobel em STEM

Em 122 anos de existência do Prêmio Nobel, apenas 24 mulheres foram laureadas em áreas STEM (acrônimo em inglês para Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática) contra 611 prêmios concedidos para homens. O Nobel é considerado o mais prestigiado prêmio oferecido às áreas de Literatura, ativismo pela paz, Medicina e Fisiologia, Química, Física e Economia.  

A baixa participação feminina em áreas STEM no prêmio mostra como o preconceito tem sido a principal barreira para as mulheres desenvolverem carreira em Ciências, Tecnologia, Engenharia e Matemática. Ainda que mais mulheres tenham sido premiadas com o passar do ano, ainda está muito longe qualquer tipo de equiparação. Para se ter uma ideia, até hoje apenas 4 mulheres foram laureadas com o Nobel em Física.

Ao contrário do que ocorre com os meninos, desde cedo as meninas não são encorajadas a estudar disciplinas como Matemática, Física ou Química. Dados da Unesco mostram que apenas 35% das matrículas em STEM no ensino superior no mundo são de mulheres.

“Essa profunda desigualdade não acontece por acaso. Muitas meninas são impedidas de se desenvolver devido à discriminação por diversos vieses, por normas e expectativas sociais que influenciam a qualidade da educação que elas recebem, bem como os assuntos que elas estudam. A sub-representação das meninas na educação em STEM tem raízes profundas e coloca um freio que prejudica o avanço rumo ao desenvolvimento sustentável mundial”, diz a entidade em seu site.

Mas voltando ao Prêmio Nobel, quando as mulheres têm oportunidade de desenvolver e atuar no campo da Ciências, elas são revolucionárias. Marie Curie (foto) talvez tenha sido a mais notável delas. A cientista transformou o conhecimento sobre radioatividade há mais de um século com a descoberta dos elementos químicos Rádio e Polônio. Curie foi a única mulher a ser premiada duas vezes. Em 1903, ela recebeu o Prêmio Nobel de Física e em 1911, o de Química.

No Dia Internacional da Mulher, o Eu Capacito traz a lista das cientistas premiadas com o Nobel em áreas STEM.

Marie Curie (Química e Física)          

Nascida na Polônia, Marie Curie foi a única mulher a receber duas vezes o Prêmio Nobel. Ganhadora do Prêmio Nobel de Física em 1903 e do Prêmio Nobel de Química em 1911, Curie descobriu os elementos químicos Polônio e Rádio e defendeu o uso da radiação na Medicina. De acordo com o site da Fundação Prêmio Nobel, a cientista transformou nossa compreensão sobre radiação.  

Física

Andrea Ghez (2020)

Premiada em 2020 com o Nobel de Física, a americana Andrea Ghez foi reconhecida pela descoberta de um objeto compacto supermassivo no centro de nossa Galáxia. Sua descoberta está relacionada com o conhecimento acerca da formação dos buracos negros. Ela é a quarta mulher a ser laureada a receber o Nobel da área.

Donna Strickland (2018)

Em 2018, a canadense Donna Strickland foi a terceira mulher a ganhar o Nobel de Física. Ela contribuiu com invenções inovadoras no campo da física do laser com o   desenvolvimento de um método de geração de pulsos ópticos, ultracurtos e de alta intensidade.  

Maria Goeppert Mayer (1963)

Em 1963, a alemã Maria Mayer recebeu o Prêmio Nobel de Física por suas descobertas acerca da estrutura do núcleo atômico. Antes dela, apenas Marie Curie tinha recebido a distinção na categoria.

Química

Carolyn R. Bertozzi (2022)

A americana Carolyn Bertozzi é a mais recente premiada. No ano passado, a cientista e mais dois colegas descobriram a chamada “química do clique” que mudou a forma como os cientistas pensam sobre a ligação de moléculas. A técnica pode ser utilizada para o desenvolvimento de fármacos.

Emmanuelle Charpentier e Jennifer Doudna (2020)

A francesa Emmanuelle Charpentier e a americana Jennifer Doudna formam a primeira equipe de mulheres premiadas no Nobel. As cientistas desenvolveram um modelo de alta precisão de edição de genes e ganharam o Prêmio Nobel de Química de 2020.

Frances H. Arnold  (2018)

A americana Frances Arnold ganhou o Prêmio Nobel de Química em 2018 por suas contribuições sobre o conhecimento da evolução das enzimas. Frances foi pioneira ao realizar em 1993 a primeira evolução direta de enzimas, proteínas usadas para catalisar reações químicas.  

Ada Yonath  (2009)

A israelense Ada Yonath foi premiada em 2009. Sua contribuição à ciência foram os estudos acerca da função nas estruturas de ribossomos, os sintetizadores das proteínas nas células. Sua pesquisa contribuiu para o conhecimento sobre antibióticos.

Dorothy Crowfoot Hodgkin (1964)

Nascida no Egito, filha de pais britânicos, Dorothy foi a terceira mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Química. Em 1964, a cientista foi laureada pelos avanços na cristalografia de raio-x que permitiu o estudo de estruturas de substâncias químicas. Entre seus feitos estão a descoberta da estrutura da penicilina e da vitamina B12.

Irène Joliot-Curie (1935)

Filha de Marie Curie e Pierre Curie, ambos premiados com o Nobel, a francesa Iréne Joliot- Curie foi a segunda mulher a ganhar o Prêmio Nobel de Química, 24 anos após sua mãe. Em 1935, ela recebeu o Nobel em conjunto com seu marido, Frederic Joliot. Sua contribuição foi a descoberta da radioatividade artificial. Durante a Primeira Guerra Mundial, Irene trabalhou com sua mãe em hospitais ajudando médicos e enfermeiros a operarem máquinas de raio-x.

Fisiologia ou Medicina

To Youyou (2015)

Nascida na China, To Youyou ganhou o Prêmio Nobel em 2015 por descobrir novos tratamentos contra a malária. Estudiosa da medicina tradicional chinesa, a pesquisadora é a única mulher chinesa e primeira cientista do país a receber a distinção. Na década de 70, ela descobriu a artemisinina, principio ativo usado em drogas no combate à malária.

May- Britt Moser (2014)

Nascida da Noruega, May – Britt Moser é psicóloga e neurocientista. Recebeu o prêmio em 2014 por contribuir com a descobertas das células que atuam na localização espacial próxima ao hipocampo, uma área central do cérebro. Chamada de “GPS do cérebro”, o feito responde a uma pergunta antiga: como como sabemos onde estamos e por onde nos deslocaremos?

Elizabeth Blackburn e Carol Greider (2009)

Elizabeth Blackburn ganhou o prêmio por suas descobertas acerca de como os cromossomos são protegidos pelos telômeros e também por descobrir a enzima telomerase, responsável por proteger os telômeros. Na década de 80, a australiana Elizabeth descobriu que os telômeros têm um DNA específico. Nos anos seguintes junto com a americana Carol Greider, sua aluna de doutorado, ela descobriu a telomerase. Elas dividem o prêmio de 2009 com pesquisador Jack W. Szostak. O feito é chave para entender o envelhecimento celular.

Françoise Barré-Sinoussi (2008)

Nascida na França, Françoise Barré-Sinoussi ganhou o Prêmio Nobel em 2008 pela descoberta do vírus da imunodeficiência humana, o HIV, causador da aids. De acordo com o site do Prêmio, em 1983, Françoise e seu colega, Luc Montaigner, descobriram um retrovírus que atacava os linfócitos, célula importante para o sistema imunológico. Posteriormente, o vírus ganhou o nome de HIV e provou-se ser o causador da aids, que na época era uma doença que começara a ser descoberta. O feito foi fundamental para levar o tratamento para pessoas que sofrem com a doença no mundo inteiro.

Linda B. Buck (2004)

A americana Linda Buck ganhou o prêmio em 2004 por sua pesquisa sobre os receptores olfativos. De acordo com o site do Prêmio, a bióloga e seu colega, Richard Axel, descobriram como centenas de genes de nosso DNA codificam os sensores de odores localizados em neurônios sensoriais no nariz.

Christiane Nüsslein-Volhard (1995)

Juntamente com Edward Lewis e Eric Wieschaus, a bióloga alemã e seus colegas receberam o Nobel em 1995 por descobertas do controle genético no início da vida embrionária. Na década de 80, Christiane e seus colegas estudaram a vida da drosophyla, a mosca da fruta, como um modelo. Com a pesquisa, eles identificaram e classificaram os 15 genes responsáveis por direcionar as células para formar uma nova mosca.

Gertrude B. Elion (1988)

A química Gertrude Elion ganhou o Prêmio Nobel em 1988 por suas importantes descobertas de medicamentos para o tratamento de doenças. De acordo com o site do prêmio, Gertrude revolucionou o desenvolvimento de novas drogas para diferentes campos da Medicina. Anteriormente, os produtos farmacêuticos eram, sobretudo, oriundos de substâncias naturais. Gertrude e seu colega George Hitchings desenvolveram um método de produção de drogas baseada no conhecimento da bioquímica e de doenças. A primeira droga produzida por eles foi para o tratamento de leucemia. Além disso, eles criaram medicamentos para o combate à malária, infecções e gota.

Rita Levi-Montalcini (1986)

A italiana Rita Levi-Montalcini foi premiada em 1986 por sua descoberta acerca dos fatores de crescimento humano.  A médica italiana contribuiu com pesquisas sobre o processo de divisão, multiplicação e formação celular e de como diferentes células adquirem diferentes funções nos seres humanos. Sua descoberta ajudou na compreensão do funcionamento de doenças tumorais, demência senil e cicatrização tardia.

Barbara McClintock (1983)

Americana, Barbara McClintock recebeu o prêmio Nobel em 1983 pela descoberta dos elementos genéticos móveis, que causam o fenômeno conhecido como transposição genética. A citogeneticista estudou as características hereditárias do milho e observou como os fatores são passados de geração em geração associando isso a mudanças em cromossomos das plantas. É considerada uma das três pessoas mais importantes para história da genética.

Rosalyn Yalow (1977)

Física nuclear, Rosalyn foi premiada em 1977 pelo desenvolvimento do radioimunoensaio de hormônios peptídicos. A americana e seu colega, o médico Solomon Berson desenvolveram o método de radioimunoensaio, que é usado para medir pequenas concentrações de substâncias no corpo, como hormônios e sangue. O experimento da dupla ajudou no conhecimento sobre a causa da diabetes tipo 2 no organismo.

Gerty Thereza Cori Radnitz (1947)

PhD em Medicina, Gerty nasceu em Praga, quando a cidade era parte do Império Austro-Húngaro. Mudou para os Estados Unidos após casar com Carl Cori. Lá, eles começaram a pesquisar sobre como o corpo humano utiliza a energia. Eles receberam o prêmio em 1947 pela descoberta do curso da conversão catalítica do glicogênio.